Escolher o choke mais adequado

Parece simples, escolher o choke mais adequado… e a coisa funciona mais ou menos assim: se vou aos coelhos ou galinholas, levo um choke mais aberto; para a perdiz, um mais fechado; para o tordo e rolas, depende… se vão altos…

Pois é, não é assim tão simples, principalmente se não soubermos bem qual o efeito que podemos esperar de cada um dos chokes.

Nos últimos anos os fabricantes brindaram-nos com mais opções, afastando-nos continuamente dos conceitos antigos, válidos, mas que já não respondem a uma realidade em que entram em jogo mais variáveis, como a conceção dos modernos cartuchos e suas buchas, ou das novas ligas de chumbo (para não valar dos metais alternativos). Temos que ter em conta que as referências antigas, quando os chokes eram fixos e estava puncionado nos canos o estrangulamento, consideravam as variações de composição do tiro quando se utilizava de forma generalizada cartuchos com bucha de feltro ou cortiça. As buchas plásticas de “copo” mudaram bastante as coisas. Por isso, muitas vezes não acertamos com o choke para a nossa espingarda, esquecendo a influência que o cartucho tem na composição do tiro.

Há que procurar uma combinação eficaz para a nossa forma de caçar e de atirar, para o nosso terreno de caça, inclusive para a distância a que caça o nosso cão, sem perder de vista que hoje, em cada lance, temos que contar com mais variáveis do que há quarto, cinco ou seis décadas. Mas continuamos a acreditar que a “receita” base para o choke mais adequado continua inalterada…

 Procurar a melhor combinação

Este pode ser o enfoque que nos permita uma certa descontração no momento de dissipar dúvidas sobre qual o choke que devemos montar para a próxima jornada. O objetivo será encontrar o melhor compromisso com base nas experiências previamente realizadas no campo de tiro (a disparar à chapa) e, acima de tudo, evitar as mudanças constantes de “última hora” durante o dia de caça.

Vamos pensar no primeiro dia da Geral, com abundância relativa de perdizes, é certo, mas com o terreno demasiado seco e com a caça a sair larga. Há quem considere um autêntico disparate montar um choke de quatro estrelas (****) para as primeiras jornadas. Mas já pensou qual será o efeito de um cartucho mais “fechado” com esse choke? A caça não sairá assim tão larga e além disso ainda não tem toda a velocidade, talvez uma aba de tiro mais composta permita resolver o problema de tiros menos centrados.

Não será de todo errado colocar no bolso do colete de caça o choke *** e respetiva chave de extração/montagem, pois podemos chegar à conclusão que o nosso erro está na má avaliação do desconto de tiro e com um choke mais apertado teremos uma maior coluna de chumbo (que nos dará mais hipóteses de alcançar a peça de caça).

Teste e surpreenda-se

Existam ideias que erradamente persistem na cabeça dos caçadores: assim, há quem sustenha que um choke aberto, por exemplo de **** apenas serve para disparos a curta distância, ou que um choke ** unicamente é adequado para tiros a peças de caça largas. Embora em certa medida estes conceitos possam não estar errados, na verdade as coisas não são assim tão simplistas, quando falamos de resultados práticos. Não porque uma coisa é a teoria e outra a prática, mas mais uma vez temos que considerar outra variável muito importante nesta equação: o cartucho!

Vejamos; todos conhecemos o efeito de um cartucho com bucha dispersante comparativamente a uma outra munição, por exemplo, com bucha de feltro e com um mesmo choke.

Existem cartuchos que nos permitem abater limpamente peças a distâncias de tiro consideráveis utilizando chokes abertos, inclusive com cargas médias (e neste campo também há que mudar mentalidades). Mais uma vez, para conhecer os resultados práticos de uma determinada combinação (espingarda/choke/cartucho) há que testar.

Cada espingarda tem as suas características de tiro e devemos conhecer quais são as da nossa. Cada cano é um cano e não pensemos que todos conseguem igual nível de prestações para o mesmo tipo de choke.